Discurso de encerramento do ano letivo
Reverendíssimo Padre Capelão de nossa escola,
Prezados pais e responsáveis aqui presentes,
Prezada diretora, professora Giane, e demais professores e colaboradores do Colégio,
Meus queridos alunos,
Com a graça de Deus, encerramos hoje o nosso primeiro ano letivo. Quanta alegria nos irrompe o coração! Quanta gratidão ao Bom Deus, a Nossa Senhora, a Santo Afonso, glorioso patrono da nossa pequena escola! Quanta gratidão, também, a vocês, prezados pais, pela confiança e fidelidade dispensadas, pelo trabalho conjunto, sobretudo nos tempos mais desafiadores, pelo propósito compartilhado de uma boa e santa educação para nossas crianças!
A Divina Providência determinou, em sua Sabedoria, que iniciássemos nossos trabalhos em um ano áspero, acompanhados por uma crise sanitária sem precedentes à nossa geração e por todas as inseguranças que ela traz consigo… É certo que a razão mais profunda disso é conhecida por Deus apenas, mas podemos extrair disso uma lição.
“Fili accedens servituti Dei, præpara animam tuam ad temptationem”. Filho – diz-nos o Eclesiástico – ao entrar no serviço de Deus, prepara a tua alma para a prova. Mais que em qualquer ação puramente humana, nos trabalhos de Deus devemos estar prontos para suportar provações. É no fogo que se provam o ouro e a prata. É no sacrifício que se prova o amor.
Tal é o trabalho da Educação Cristã. Como pais e educadores, estamos já familiarizados com as provações desta missão. De um matrimônio entre homem e mulher, por sua própria natureza, necessariamente aberto à geração de filhos, Deus confia a cada família almas para serem sustentadas e nutridas, e mais que isso, educadas, geradas para a Graça. Sendo porém, nas palavras de Pio XI, a família por si só insuficiente, confia na Igreja e na escola – Não para a substituir, mas para lhe prestar auxílio. É aqui que se insere a missão da escola. Auxiliar as famílias a educar. E só se auxilia quando se converge, razão pela qual, diz ainda o papa Pio XI, não é possível dar uma verdadeira educação que não a cristã.
Em nossa pobreza, conhecida de todos, esta é a nossa grande alegria. Buscar todos os meios possíveis para dar uma educação realmente católica às nossas crianças, pautada não apenas na doutrina, mas na disciplina, liturgia e espiritualidade tradicional da Igreja, em outras palavras, naquilo que sempre foi feito. Porque se é verdade que a criança de hoje é essencialmente a mesma de ontem, e que o católico não tem no mundo cidade permanente, como diz São Paulo, mas está em busca da futura, as profundas mudanças que ocorreram no mundo devem ser empregadas em favor do que foi sempre feito, e não lhe tomar o lugar. Por isso, defendemos a Educação Católica Clássica. Não porque somos contrários à modernidade e à novidade, mas porque buscamos – como os hebreus a levar o ouro dos Egípcios na fuga do Egito – tomar tudo o que de bom eles podem dar e empregar a nosso favor, rejeitando tudo o que de mal ou menos bom os move.
Esta é a nossa missão, prezados pais e professores, colaborar com a graça para que esses pequenos que estão aqui se formem bons cristãos e honestos cidadãos. Bem-sucedidos nesta vida e bem-aventurados na próxima.
Voltemos, agora, nossos olhares para o que comemoramos aqui. Há pouco mais de 2 mil anos, também Nossa Senhora e São José receberam de Deus a missão de educar. Não uma criança qualquer – e peço desculpas pelo uso dessa expressão, pois sei que para pai nenhum seu filho é uma criança qualquer – não uma criança qualquer, eu dizia, mas o Cordeiro Imaculado, a Pureza e Sabedoria encarnada, o Menino Jesus, que aqui temos conosco e cujo nascimento comemoramos com devoto afeto.
Esse Menino, em cada instante de sua vida, ensina-nos muito mais do que somos capazes de aprender. Mas detanhamo-nos em consideração a fim de extrair algumas verdades.
Este Menino nasceu em meio a grande dificuldades. Não havia lugar para eles em lugar algum, coube, então, a uma estrebaria acolher o Senhor do mundo. Fe-lo assim o Divino Menino para nos ensinar aquilo de que comentávamos. Fez isso por amor. Amor a nós. Mais que ninguém ele foi o servo de seu Pai, por amor. Mais do que ninguém sofreu provas. A Educação Cristã é toda pautada no amor. A educação Cristã, assim, é paciente e perseverante, ela é bondosa, constante, firme, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Este Menino nasceu em pobreza, para nos ensinar o amor à pobreza, ensinar-nos que os bens – embora úteis – não são necessários. A Educação Cristã é pobre, isto é, desapegada dos bens interiores e exteriores.
Este Menino foi posto em uma manjedoura, onde comiam o boi e o burro, símbolos do povo judeu e do povo gentio, imagens, portanto, de todos os povos. A verdade cristã é para todos. A educação cristã é para todos, para o grande e para o pequeno, para o rico e para o pobre, para todos os povos e raças.
Este menino foi envolto por panos por sua Santíssima Mãe, para que aprendêssemos a olhá-lo com os olhos da fé, não apenas dos sentidos e sentimentos, e esperássemos dele mesmo parecendo tão pequeno e fraco. A educação cristã é movida, assim, pela fé e pela esperança. É verdadeiramente um apostolado da esperança cristã. Pois nós plantamos, mas é Deus que colhe.
Este menino foi visitado pelos pastores, que receberam a revelação do anjo porque tinham fé. A Educação Católica se pauta na Revelação, dada por Cristo a sua Igreja, e por ela a nós. Cristo ensinou, sim, uma doutrina. E é esta a doutrina que movimenta e anima todo o trabalho pedagógico de uma escola católica.
Este menino foi visitado, também, pelos Reis Magos, que se guiaram pelas estrelas, isto é, pela ciência. Este menino ensina-nos, assim, também, o amor ao estudo. A Educação cristã, considerada sobretudo como Educação Católica Clássica, busca despertar esse amor ao estudo, considerando que a criação é senão a expressão visível daquelas perfeições invisíveis de Deus.
Este menino, enfim, crescia em virtude, sabedoria e graça. É este o objetivo da Educação, sintetizado no lema de nossa escola: Sapientia et Virtus, sabedoria e virtude.
Prezados pais e colaboradores de nosso colégio, nosso coração se enche de alegria em vê-los tão próximos e tão amigos. É nesta amizade que podemos esperar de Deus o sucesso desse empreendimento. Ainda há muitas almas a conquistar e muito a ser feito naquelas que Deus já nos deu. Permaneçamos firmes.
Um feliz natal a todos e que Nossa Senhora os abençoe. Até o próximo ano!
Salve Maria!
Nilson Neto
Presidente da Associação Mantenedora do Colégio Santo Afonso