Educação Clássica
A educação clássica, normalmente referida por seu nome em inglês, classical education, é a tradicional e venerável forma de educação iniciada na Antiguidade Clássica pelos Gregos e Romanos e desenvolvida sobretudo durante a Idade Média Católica que, longe de ser uma coisa do passado, é provavelmente a resposta mais urgente e adequada para a crise da educação moderna em que vivemos.
O principal objetivo da educação clássica é a formação baseada na convicção de que o homem possui não apenas um ser físico, mas também um ser espiritual, naturalmente dotado de aptidões na esfera da inteligência e da vontade que podem e devem ser moldadas pela educação. Sustentando que a razão humana pode descobrir e entender uma ordem fora de si mesma, uma ordem criada por Deus, a educação clássica católica busca não apenas ensinar conteúdo, mas formar as mentes, isto é, ensinar os alunos a aprender por si mesmos, a ter uma visão una dos variados ramos de conhecimento, pensar de maneira ordenada e expressar-se bem de acordo o que pensa. Essa formação das mentes é muitas vezes chamada de educação para a contemplação, para o fim último do homem: ultima hominem felicitas est in contemplatione veritatis[note]”A felicidade última do homem está na contemplação da verdade”. Santo Tomás de Aquino em Summa contra Gentiles III, 37[/note]
Como a educação é normalmente feita através da imitação, os alunos na verdadeira educação clássica católica aprendem dos grandes nomes da Antiguidade e dos santos através da literatura, história, filosofia e estudo da religião. Quando a escola dá aos alunos este tesouro de conhecimentos com um objetivo muito maior que “tirar boas notas”, desperta-se neles o amor e a sede de conhecimento. Ao ensinar-lhes a pensar por si mesmos, não com uma revolta provocada por pensamentos revolucionários e interesses meramente sociais, nem com o pietismo de uma educação frágil e sentimental, nem com a ênfase apenas na técnica e no intelecto, mas com uma formação completa, do intelecto, da moral, da mente e da vida interior, prepara-se o aluno para verdadeiramente enfrentar o mundo.
A missão de um verdadeiro colégio católico é prover a seus alunos uma profunda educação fundada nos princípios tradicionais da ordem, do estudo, da virtude e da disciplina. É, em poucas palavras, formar bons católicos e bons cidadãos, de modo que todas as esferas, espiritual, moral, intelectual e física estejam ordenadas para Deus. Deve, o colégio católico, formar o solo em que a virtude, a Fé e o amor de Deus crescerá.
Para uma correta compreensão sobre a educação católica e os princípios da educação clássica, urge esclarecer o significado de alguns termos, tais como Educação, Artes Liberais e Ciências
Educação
É o cultivo da sabedoria e da virtude na alma através da promoção do verdadeiro, do bom e do belo. Deve ser distinguida de treinamento, que embora de necessário e grande valor, serve para formar as habilidades necessárias para uma carreira ou profissão, enquanto a educação vê o homem de uma maneira elevada.
Educação Clássica
É o cultivo da sabedoria e da virtude através da promoção do verdadeiro, do bom e do belo por meio das sete artes liberais e das quatro ciências. Historicamente, a educação clássica seguiu dois fluxos que frequentemente jorraram juntos:
- A ênfase Retórica
Em que os professores guiam seus alunos a contemplar os grandes textos e obras de arte, acreditando que esta contemplação os ajudará a crescer em sabedoria e virtude - A ênfase Filosófica
Em que os professores guiam seus alunos através da análise de ideias por meio do diálogo Socrático, acreditando que o discernimento do coração das coisas permitirá aos alunos crescerem em conhecimento e virtude.
Historicamente, essas duas ênfases que embora muitas vezes estiverem em conflito mesmo não sendo mutuamente exclusivas, deram origem a dois modos de instrução: A Instrução Mimética, ou Didática, e a Instrução Socrática, que veremos mais adiante.
Educação Clássica Católica
É o cultivo da sabedoria e da virtude através da promoção do verdadeiro, do bom e do belo por meio das sete artes liberais e das quatro ciências a fim de que em Cristo os estudantes possam melhor conhecer, glorificar e servir a Deus, como bons cristãos e cidadãos.
Como Santo Tomás de Aquino o expressou, resumindo o ensino dos padres da Igreja, a graça não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa. A Educação Clássica Católica purifica e aperfeiçoa os grandes feitos dos antigos gregos e romanos. Construir algo mais perfeito sobre o que foi bem construído no passado sempre foi a prática da Igreja, podemos ver isso claramente em Santo Agostinho. Foram os progressistas e pragmatistas do século XX que buscaram, contra o passado, minar essas conquistas.
Arte
Arte, no sentido de “Artes Liberais” é o modo de produzir algo além da própria arte. As artes liberais estão ordenadas a produzir conhecimento e por isso são as artes do pensamento.
De fato, a palavra latina artes é a tradução da grega τέχνες, ou techne, de onde originam palavras como tecnologia ou técnica. Quando uma pessoa aprende uma arte, dirige sua atenção para aprender uma habilidade, não apenas o conteúdo ou informação sobre o tema.
As artes liberais não estão, por isso, preocupadas com a familiaridade superficial em um grande leque de assuntos. Ao invés disso, preocupam-se com as habilidades mentais, com as competências fundamentais de pensamento que são necessárias para aprender qualquer assunto.
As sete Artes Liberais
As sete artes liberais são as artes do pensamento. De acordo com a tradição católica, a Razão separa o homem de todos os outros animais.
Em particular, apenas os homens são capazes de pensar usando símbolos, palavras, números, formas e representações musicais ou visuais. Por isso, a habilidade e competência no uso da linguagem são essenciais para o total desenvolvimento da pessoa. As artes dedicadas a refinar nossa habilidade de uso de linguagem são as três artes do Trivium
- Gramática
Arte de inventar e combinar símbolos - Lógica, ou Dialética
Arte de pensar - Retórica
Arte de comunicar-se
Adicionalmente, nenhum outro animal pode usar números e formas como o homem. Mesmo a música advém de nossa habilidade de ouvir com a alma a relação de números em suas razões e proporções. As artes desenvolvidas para refinar nossa habilidade de usar os números, as formas e suas relações são as quatro artes do Quadrivium
- Aritmética
Teoria do número - Música
Aplicação da teoria do número - Geometria
Teoria do espaço - Astronomia
Aplicação da teoria do espaço
Juntos, o Trivium e o Quadrivium são chamados artes liberais porque são as artes que todo homem livre pode dominar e as artes que são necessárias para ser livre. O que não é capaz de dominá-las, não é verdadeiramente livre. Por exemplo, aquele que não domina a arte da lógica será vítima de manipuladores, tanto externos (na sociedade) quanto internos (na alma); do mesmo modo, aquele que não domina a arte da retórica será incapaz de expressar seus pensamentos apropriadamente.
O Trivium
O Trivium consiste nas três artes verbais da gramática, dialética (ou lógica) e retórica.
- Gramática
Do grego γραμματικός ou grammatikos, é melhor traduzido por letras, carregando todos os significados que essa palavra tem para nós. A gramática cultiva a habilidade de interpretar símbolos. Primeiro interpretamos letras individuais e fonemas, então interpretamos palavras e, finalmente, interpretamos textos, obras de arte e artefatos; - Lógica ou Dialética
É a arte de pensamento material e formal. A lógica formal pergunta “Como pensamos corretamente?”, isto é, “Qual a forma de um pensamento válido?” enquanto a lógica material pergunta “O que pensamos sobre?”, isto é, “Qual a matéria do pensamento?”; - Retórica
É a arte de expressar-se bem, embora Aristóteles a reduça para a arte da persuasão.
Dorothy Sayers em seu “Lost Tools of Learning” desenvolveu uma teoria e aplicação do trivium que sugere que cada arte corresponde ao estado de crescimento de uma criança. Muito do movimento atual de renascimento da Educação Clássica se nutre dessa interpretação.
O Quadrivium
O Quadrivium consiste em quatro artes matemáticas. Para raciocinar de forma lógica e estética, o indivíduo deve ser apto a interagir com o que os antigos chamavam magnitude (geometria e astronomia) e multitude (aritmética e música ou harmonia). A mente que não é treinada no quadrivium não é, ainda, verdadeiramente educada.
- Aritmética
É a arte de aprender as propriedades dos números, como se comportam, como se operam; - Geometria
É a a arte de aprender as propriedades de formas. É essencial para a lógica dedutiva e raciocínio espacial; - Música
É a arte da proporção. A Álgebra é um maneira muito eficiente e abstrata de expressar propriedades musicais, mas para nos beneficiar da música, não podemos nos reduzir à Álgebra. A música é uma janela ou mesmo uma porta ao espiritual. Quando um estudante ouve a ordenadas composições, a ordem da matemática penetra diretamente na alma pelo ouvido; - Astronomia
É a arte das formas em movimento. Poderíamos dizer que é a porta para a Física e demais ciências naturais.
As Ciências
A Ciência é o modo de investigação ou domínio de saber que surge do modo de investigação da Educação.
A palavra ciência vem do latim scientia que significa conhecimento e não é, absolutamente, limitada aos conhecimentos dados pelas ciências naturais. Posteriormente veremos como entre as ciências estão as ciências naturais, as ciências humanas ou morais, as ciências filosóficas e a ciência teológica, nessa ordem de gradação.
O objetivo da ciência é conhecer as causas das coisas. No século XVII, os cientistas naturais começaram a usar o termo ciência para suas próprias questões, rejeitando tudo o que estivesse fora de suas ferramentas de investigação.
Nós rejeitamos essa falsa asserção e usamos o termo em seu sentido mais correto e clássico.
Ciências Naturais
As Ciências Naturais são ciências de ordem física, tal qual a biologia, a química e a física. Todas as ciências combinam ou refinam essas três. A ciência é o domínio do saber ordenado a um princípio unificador, o logos. O mundo clássico buscou durante séculos este princípio integrador, até que Ele mesmo se fez carne e habitou entre nós. Cristo é o Logos que liga todos os assuntos em uma harmonia universal, faz sentido de todas as coisas e eleva o aprendizado e o conhecimento ao reino do significado eterno.
- Biologia
é a ciência ordenada a buscar compreender as causas do ser e da mudança nos seres vivos; - Física
é a ciência ordenada a investigar sobre as forças que provocam mudança no mundo físico; - Química
é a ciência ordenada a investigar sobre os elementos constitutivos das coisas físicas
O modo de investigação das ciências naturais é a investigação das causas materiais e eficientes. A observação e a medida são particularmente aptas a esse domínio. O objetivo das ciências naturais é conhecer as causas da mudança no mundo físico, de modo a agir sabia e virtuosamente em relação ao cosmos
Ciências Humanas
As Ciências Humanas são as ciências de ordem moral; isto é, são as ciências do comportamento e da alma humana, nomeadamente a ética e a política.
- Ética
é a ciência que questiona sobre o cumprimento do potencial e sobre o fim do homem. Em uma palavra, pergunta-se como o homem pode se tornar virtuoso. Muitos estudos descendem da ética, como a psicologia. - Política
é a ciência que questiona sobre o conjunto de homens e como ele pode habilitar seus membros e a si mesma para cumprir seu potencial e seu fim. Em uma palavra, pergunta-se como um grupo de homens pode atingir a virtude. Muitos estudos descendem da política, como a economia, história, etc.
As ciências humanas são erguidas sobre, de maneira mais elevada, as artes naturais. O modo de investigação das ciências humanas é o compromisso dialético com obras das artes, investigações históricas e reflexões sérias no movimento da alma humana. O objetivo das ciências humanas é conhecer as causas do comportamento humano, de modo a conseguir a virtude para si mesmo e a cultivar nos outros.
Ciências Filosóficas
As Ciências Filosóficas são as ciências da metafísica e da epistemologia. O objetivo das ciências filosóficas é conhecer as causas e os limites do conhecimento humano e conhecer a causalidade em si. As ferramentas da investigação filosófica são uma forma altamente refinada de dialética e a contemplação.
É na metafísica que a distinção entre educação modernista e educação clássica é mais claramente vista. Para o modernista, especialmente depois de John Dewey, a metafísica é uma perda de tempo porque só podemos saber o que as ciências naturais nos revelam. Assim, a educação moderna é impulsionada pela experimentação e medição. O educador modernista determinou que o conhecimento é a adaptação de um organismo ao seu ambiente.
O educador clássico, por outro lado, é deliberadamente metafísico e não se aproxima da filosofia com desespero. Ele acredita que o mundo em que vivemos é real e é cognoscível. Portanto, para o educador clássico, o conhecimento é adquirido quando aquele que o busca encontra uma ideia incorporada ou encarnada em uma realidade concreta.
Quando o educador modernista ensina, seu objetivo é uma adaptação ao ambiente, ou o que é comumente chamado de aplicação prática. Quando um educador clássico ensina, seu objetivo é sabedoria e virtude. Isso terá muitas aplicações práticas, mas também incluirá a capacidade de saber quando se adaptar ao ambiente – quando resistir e quando ser martirizado por ele.
A grande ironia é que o modernista torna o aluno incapaz de fazer aplicações práticas sólidas porque ele deturpa a realidade e, assim, dificulta a adaptação a ela. Enquanto isso, o educador clássico permite que o estudante pense em termos de circunstâncias sem abandonar a virtude.
Ciências Teológicas
A Ciência Teológica é a ciência do conhecimento da causa primeira, ou do próprio Deus.
Todas as ferramentas das ciências inferiores são usadas para conhecimento teológico, mas o cristão reconhece que a Revelação Divina revela coisas que outras ciências não podem descobrir. O objetivo da teologia é ordenar todo conhecimento para essa primeira causa.
Princípios Curriculares
- Verdade
- Bondade
- Beleza
- Sabedoria
- Virtude
- Personalidade
- Liberdade
- Justiça
- Comunidade
- O Ser
- Modo
- Mudança
- Glória
- Honra
- Imortalidade
Princípios da Educação Clássica Católica
GRAÇA
Em uma escola católica, aprender não é um fim em si mesmo. Em vez disso, o professor clássico católico pede a Deus que seus ensinamentos, disposições e ações sejam como um instrumento em Suas mãos para cultivar as almas dos estudantes em direção à santidade. Nesse sentido, a aprendizagem pode ser um meio de graça.
ORDO AMORIS (ORDEM DOS AFETOS)
Para verdadeiramente fazer um bem, devemos orientar-nos à realização do bem imediatamente superior a ele (por exemplo, para verdadeiramente fazer bem o dever de casa, deve-se aprender o conteúdo e tirar boas notas; para verdadeiramente educar os filhos, deve-se educá-los para o céu; para verdadeiramente ser bem sucedido na vida, deve-se buscar o Reino de Deus e sua justiça). Não reconhecer esse princípio em todas as áreas da educação e da vida leva a uma alma desordenada e em uma escola que não consegue fazer bem naquilo que é mais importante. Para desenvolver uma alma bem ordenada, requer-se o cultivo da moral e da ordenação da vontade e da sensibilidade.
EPISTEMOLOGIA
A educação é um exercício epistemológico. Isso significa que tudo o que acontece na educação é a promulgação de convicções e premissas sobre o que significa saber e como uma pessoa pode aprender.
A epistemologia clássica católica é racional, moral e pessoal. Ela reconhece que os estudantes vêm a conhecer ideias por meio da consideração deles na natureza e ao seu redor em instâncias particulares.
INTEGRAÇÃO
O mundo clássico buscou durante séculos um princípio integrador de tudo o que é conhecido. Eles chamaram esse princípio, o Logos.
A educação clássica católica integra todo o ensino em Cristo. Ele é o Logos que liga todos os assuntos em uma harmonia universal, faz sentido de todas as coisas e eleva o aprendizado e o conhecimento ao reino do significado eterno. Ele é o criador do universo ordenado e da Palavra que explica todas as palavras. Ele é como o sol, dando ordem e sentido aos planetas, e tornando-os conhecíveis em Sua luz. Nele estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Tornar-se um membro do outro no contexto de suas relações com os outros assuntos.
RACIONALIDADE
Quando um princípio unificador é aplicado a todo o currículo de uma escola e à filosofia da educação, o resultado é um programa caracterizado pela integração, harmonia e uma coerência controlada por princípios.
IDEIAS
Somente quando as ideias são o foco da aprendizagem o currículo pode ser integrado. Somente quando o currículo é integrado pode-se ajudar as almas a seguirem o seu curso para atingir a integridade adequada a ela.
A alma se alimenta de ideias, e as grandes ideias são mais claramente expressas em bons livros e bons artefatos. Conteúdo e habilidades devem ser dominados para absorver as ideias, mas não devem ser levados como princípios de integração, isto é, como fins em si mesmos.
HIERARQUIA DE APRENDIZAGEM
Toda aprendizagem depende dos pré-requisitos a serem dominados antes de passar para o próximo nível de conhecimento:
Na educação católica clássica, as sete artes liberais servem de base para o conhecimento. São elas a Lógica, a Gramática, a Retórica, a Aritmética, a Geometria, a Astronomia e a Música, que correspondem ao Trivium e ao Quadrivium. A primeira, dá as primeiras etapas para o conhecimento do próprio conhecimento, o modo de pensar e estudar, de formular e expressar esse pensamento. O Quadrivium, por outro lado, inicia o aluno no estudo da natureza, permitindo-o a visão e o estudo da Criação.
Em seguida vêm as ciências naturais. Uma pessoa pode apenas dominar as ciências naturais na medida em que dominou as sete artes liberais.
Depois das ciências naturais, vêm as ciências humanas, ou as ciências do comportamento humano e da alma. A capacidade do aluno de dominar as ciências humanas depende de seu domínio das ciências naturais.
Depois das ciências humanas na natureza da aprendizagem vêm as ciências filosóficas e metafísicas. A capacidade do aluno de dominar as ciências filosóficas depende de seu domínio das ciências humanas.
A pedra angular da aprendizagem são as ciências teológicas. Novamente, pela natureza do caso, uma pessoa é capaz de dominar as ciências teológicas apenas no grau em que dominou todas as artes e ciências inferiores.
A remoção de Cristo como o Logos do Currículo levou à desintegração do aprendizado e a especialização dos assuntos sem levar em conta os pré-requisitos e a relação e interdependência entre eles. A Educação Clássica Católica busca reintegrar e ordenar os elementos do currículo.
A educação é uma atividade humana, não meramente naturalista científica; portanto, as ciências humanas devem ser priorizadas. Consequentemente, o professor clássico católico ideal terá atingido domínio pelo menos no nível das ciências humanas (literatura, história, ética e política).
MULTUM, NON MULTAS (MUITO, NÃO MUITOS)
A educação clássica católica lida profundamente com alguns assuntos, em vez de apressadamente com muitos. As disciplinas refletem sua ênfase nas sete artes liberais, cujo domínio desenvolve o conteúdo e as habilidades que fluem através de todas as disciplinas modernas.
A educação clássica opõe-se à especialização precoce (formação específica em uma disciplina ou habilidade para fins práticos ou profissionais) ou generalizações sem sentido, buscando, ao invés disso, uma educação que consistentemente reconhece a relação de todas as habilidades e disciplinas umas com as outras e ensina as habilidades fundamentais que cada assunto posterior irá requerer.
RESPEITO
A criança é uma alma viva e eterna a ser nutrida, não um produto a ser moldado. Em geral, as metáforas orgânicas são muito mais adequadas à reflexão sobre a natureza de uma criança do que metáforas industriais ou dados estatísticos.
ESTÁGIOS DE CRESCIMENTO
A educação deve corresponder ao crescimento da criança, mas ao fazê-lo a qualidade e profundidade da instrução não devem ser sacrificadas aos interesses ou mesmo às habilidades da criança. O propósito da infância é treinar para a vida adulta, não para diversão.
GOSTO
A educação começa com o cultivo do bom gosto – isto é, o gosto pelo bom, pelo belo e pelo verdadeiro. O bom gosto inclui o gosto pelas virtudes da diligência e da ordem. A ordem é enfatizada no ambiente da Escola Clássica Católica nas almas que vivem nela e nas relações entre as pessoas que nela vivem.
GRANDEZA MORAL
Como disse Whitehead, “a educação moral é impossível sem a visão da grandeza. Se não somos grandes, não importa o que fazemos ”. A grandeza artificial expressa em vaidade e orgulho é vigorosamente combatida. A grandeza que o católico clássico busca é a verdadeira grandeza da sabedoria e da virtude. Essa visão de grandeza orienta o católico clássico em suas decisões curriculares e na conduta de sua escola.
DISCIPLINA
A disciplina é a base de todo tipo de criatividade e maturidade.
INSTRUÇÃO
Desde os tempos mais antigos, os professores reconheceram que o ensino se move em uma de duas direções: da instância particular para a ideia universal (indução), ou da ideia universal para a instância particular (dedução). Dois modos de instrução foram desenvolvidos para otimizar a potência nesses movimentos: o modo didático e o modo socrático, cada um dos quais incorpora elementos de indução e dedução.
A Educação Clássica Católica se esforçará para dominar ambos os modos de ensino, ajustando suas próprias forças e gostos individuais em seus parâmetros. Falando precisamente, não há metodologia clássica quando se entende por método um processo estritamente repetitivo com um resultado previsível. Não há processos estritamente repetidos que possam educar uma alma humana e não há resultados significativos que sejam suficientemente previsíveis.
AUTORIDADE
Todo professor clássico católico precisa estar comprometido em crescer em seu domínio de todas as sete artes liberais e a escola precisa proporcionar oportunidade para esse crescimento. Além disso, o professor católico clássico ideal fala com autoridade sobre as artes e ciências que ensina. Falar com autoridade é falar com juízo, capacidade que se torna possível quando se compreende as causas de uma coisa.
CRESCIMENTO
Nenhuma habilidade deve estar livre de desenvolvimento adicional. O professor modela isso e cuida para que o aluno nunca pare de estudar e se desenvolver. O ambiente de uma escola católica clássica cultiva uma comunidade de aprendizado. Toda a instrução nos primeiros anos tem como objetivo a instrução de anos posteriores.
VOCAÇÃO E COMISSÃO
A comunidade católica clássica é movida pelas exigências de sua vocação (chamado) e comissão (tarefa) e não pelas circunstâncias em que se encontra[note]embora não se possa chegar ao destino enquanto se ignora a estrada pela qual ele está dirigindo e não consegue manter o gás no tanque![/note]
REVERÊNCIA
O tom da escola, a conduta dos professores, as relações entre todos os membros da comunidade escolar e a linguagem usada na escola católica clássica caracterizam-se pela reverência e sobriedade. O respeito, a sublimidade e a alegre solenidade descrevem a atmosfera e são os alicerces da submissão em toda a escola. “Dignitas” e “nobilitas” são exigidas de todos os membros da comunidade escolar.
HIERARQUIA
O menor é abençoado pelo maior “sem controvérsia”. Os professores jamais podem, como defendem pedagogias modernas, afundar-se ao nível do aluno, mas deve elevar o aluno ao nível do professor. Um muro de separação deve ser mantida entre o professor e o aluno. A submissão e o respeito guiam aqueles que são inferiores na hierarquia, enquanto a humildade e o dever guiam aqueles que são superiores; a autoridade é derivada do papel e as pessoas são contratadas somente quando têm as qualificações, ou seja, os pré-requisitos exigidos pela natureza do cargo, para cumprir os deveres implícitos na função.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
O católico clássico reconhece que ele vive em um continuum histórico e que seu dever de dar honra a quem é devido se estende tanto a seus antepassados quanto a seus descendentes.
PROPRIEDAE
O católico clássico cultiva deliberadamente uma formalidade na atmosfera da escola. Ele procura, não a formalidade artificial do arrogante e orgulhoso, mas a verdadeira formalidade do sábio que continuamente procura dar a cada ideia sua expressão apropriada. O princípio orientador da formalidade católica clássica é a adequação da forma, não a conveniência da expressão.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
O conhecimento, as percepções ou as experiências que nos são dadas colocam em cada um de nós o dever de serviço. “A quem muito é dado, muito será pedido”. O que fazemos com o que nos é dado é o princípio de nossa responsabilidade.